Para entrar no clima da estreia de Django Livre, que tal conferir em casa o trabalho mais recente de Tarantino?
Por Samuel de Alcântara
Gosto muito de filmes com ideias
originais que funcionam. É muito bom assistir a adaptações de livros e
musicais, mas quando uma historia original sai da mente de alguém como Quentin Tarantino,
por exemplo, direto para as telas, pode saber que vem coisa boa por aí.
Bastardos Inglórios é um filme original, criativo e bom, muito bom.
O longa se passa durante a
Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em uma França infestada de nazistas,
e narra basicamente duas historias diferentes que acabam se cruzando pela
frente. A primeira é de uma garota judia, Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), que
testemunha a execução de sua família por ordens do coronel nazista Hans Landa
(Christoph Waltz). Anos depois, ela troca de identidade e se torna
proprietária de um pequeno cinema em Paris. Shosanna conhece, então, o soldado
alemão Fredrick Zoller (Daniel Brühl), cujas incríveis façanhas de guerra
viraram um filme protagonizado por ele mesmo, e, encantado pela jovem, Zoller
pede a ela que a estreia de seu longa se passe em seu cinema. Shosanna não
pensa duas vezes antes de aceitar pois sabe que o evento reunirá os oficiais mais
importantes do Terceiro Reich, inclusive Hitler, e vê nisso uma chance de vingar
a morte de sua família, planejando incendiar todo o local durante a estreia. Também
somos apresentados ao grupo de extermínio aos nazistas, os Bastardos, liderado
pelo soldado americano Aldo Raine (Brad Pitt). Eles simplesmente matam nazistas
sem pena nenhuma, e chega a ser cômico o desprezo e a frieza com que executam
seu serviço. O plano dos Bastardos é detonar explosivos em uma premiére de um
filme alemão em um pequeno cinema em Paris, aniquilando os responsáveis pela
Guerra que estarão presentes no evento. O cinema é de propriedade de Shosanna Dreyfus.
Dois planos, um mesmo objetivo.
Tarantino não tem medo de
estender algumas cenas para causar um impacto maior ao fim delas. Por exemplo,
há varias sequencias longas de diálogos e calmaria durante o filme. Não são entediantes,
pelo contrário, são muito eficazes, bem atuadas e repletas de tensão. E, quando
menos se espera, o barulho toma conta do local e, segundos depois, vemos vidros
quebrados, balas por todo o canto e corpos perfurados. Ele sabe usar bem as
cenas de ação no momento certo e do jeito certo. Christoph Waltz encarna
Landa com tanto vigor e verdade em sua atuação que me fez criar repulsa pelo
personagem como há muito não sentia em um filme. Ele simplesmente rouba a cena
quando aparece e a tensão toma conta. Porém, quando descobre o plano dos
Bastardos, o coronel resolve se entregar aos americanos ao invés de alertar
seus superiores sobre a possível explosão no cinema. É claro, ele exige sair da
história impune e com direitos garantidos, mesmo depois de ter causado tantas
atrocidades, e isso é sim coisa de vilão, mas ele seria mais terrível ainda se tentasse
impedir o plano de dar certo. Tirando isso, creio que o filme não peca em mais
nada, apresentando uma visão alternativa do desfecho da Guerra contada de uma
maneira diferente, empolgante e pontilhada com cenas marcantes de tirar o
fôlego.
Esqueça os livros de história e aproveite o filme. Lembre-se de que tudo saiu da cabeça do diretor, mas nem por isso deixa de passar uma certa verdade em relação a Guerra, como a caça aos judeus e a frieza de ambos os lados do conflito em campo inimigo. É um longa que te surpreende em vários momentos, imprevisível como todos os filmes de Tarantino. E isso é extremamente positivo e raro no cinema atual.
Esqueça os livros de história e aproveite o filme. Lembre-se de que tudo saiu da cabeça do diretor, mas nem por isso deixa de passar uma certa verdade em relação a Guerra, como a caça aos judeus e a frieza de ambos os lados do conflito em campo inimigo. É um longa que te surpreende em vários momentos, imprevisível como todos os filmes de Tarantino. E isso é extremamente positivo e raro no cinema atual.
Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds). 153min. Guerra - 2009
(Estados Unidos).
Dirigido e escrito por Quentin Tarantino. Com Brad Pitt, Christoph Waltz, Diane Kruger,
Daniel Brühl, Mike Myers, Michael Fassbender, Julie Dreyfus, Omar Doom, Michael
Bacall, Martin Wuttke, Jacky Ido, Til Schweiger, Mélanie Laurent, Samuel L.
Jackson, Eli Roth, Samm Levine, B.J. Novak e Paul Rust.
1 comentários:
Verei.
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