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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Review: The Walking Dead S03E07 “When The Dead Come Knocking”


O clima esquentou nesse excelente episódio preparatório para o mid-season finale da semana que vem.

Por Luana Levenhagen

Hora do lanche
A postagem a seguir possui Spoilers (revelações da trama) do episódio "Hounded" e dos acontecimentos anteriores da série The Walking Dead.
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Em Woodbury, Glenn é interrogado por Merle, que quer saber onde estão seu irmão e o grupo de Rick. O asiático, mostrando o quanto amadureceu durante as temporadas, não cede e acaba sendo espancado pelo vigarista. Já todo machucado, Merle volta a pressioná-lo dizendo que seu grupo provavelmente o abandonou. Glenn responde, então, que com certeza eles iriam resgatá-los e que estavam em muitos, Jin, Shane, Andrea... Jogada esperta dele para fazer o grupo parecer maior do que é, não fosse o fato de que Andrea estava em Woodbury e Merle sabia disso. O aspirante a capitão gancho ficou fulo da vida, e decidiu dar um fim naquilo jogando um errante pra cima do prisioneiro. Mal sabia ele de metade do que Glenn passou desde que se viram pela última vez. O rapaz amarrado a uma cadeira, em uma sequência eletrizante, luta de igual para igual com a criatura e consegue matá-la. É genial como sem termos acompanhado os acontecimentos do inverno conseguimos imaginar o que aconteceu através do visível amadurecimento dos personagens.

 De volta à prisão, Michonne continua a observar através das grades um surpreso Rick que não sabe muito bem o que fazer. Com a ferida sangrando, não demora muito para seu disfarce cair e os errantes perceberem que a refeição estava servida. Fraca e debilitada, ela mata alguns dos zumbis mas acaba desmaiando. Carl toma uma atitude e começa a atirar nas criaturas em volta, enquanto seu pai busca as chaves para trazer a espadachim pra dentro. Já dentro do bloco C, o policial quer saber o porquê de Michonne estar lá e carregando fórmula para bebê. Desconfiada como sempre, ela resiste no início, mas após observar o reencontro emocionante deles com Carol resolve informar o paradeiro de Glenn e Maggie. A sequência do reencontro foi simples, mas comoveu pela cumplicidade daquele grupo. Sem muitas palavras, é possível avaliar suas reações apenas através da troca de olhares. Infelizmente, não havia tempo para comemoração, e Rick monta uma expedição para resgatar o casal. Na hora da despedida, Carl escolhe o nome da irmãzinha, Judith, e assume a responsabilidade de assumir o comando do grupo caso a missão acabasse mal. Confesso que preferia o nome Sophia, ou até mesmo que continuasse com o doce apelido de little ass-kicker.

Enquanto isso em outra sala de Woodbury é a vez do interrogatório de Maggie. O Governador, pleiteando a posição de figura mais asquerosa do seriado inteiro, deixando muitos walkers no chinelo, resolve fazer um joguinho psicológico. Nada melhor para “quebrar” uma pessoa do que mexer com sua dignidade, assim, o político manda Maggie tirar a roupa e ameaça molestá-la. Nem assim a moça cede, permanecendo firme mesmo aterrorizada. Mas o próximo golpe seria ainda mais forte, e levando-a para a sala onde Glenn estava ameaça matá-lo, o que faz com que ela finalmente revele a localização do grupo. Assim, o todo-poderoso organiza uma excursão para a prisão, bastante surpreso com o fato de um grupo tão pequeno ter conseguido limpá-la dos errantes. E, pela primeira vez, demonstra um sinal de real preocupação com esse grupo, o que o leva a questionar a lealdade de Merle. Seu capanga responde que sua lealdade está do lado do chefe a da cidade, mas será que os laços sanguíneos não falarão mais alto? Merle não parece ser o tipo muito família, preferindo escolher sempre o lado mais forte. Porém, é de se esperar que ele vá tentar contrabandear Daryl para seu lado, e é aí que está minha maior preocupação. Será que todas as experiências ao lado do grupo de Rick serão o bastante para fazê-lo resistir à influência do irmão mais velho? É esperar para ver.

Ainda na cidade, sem nem imaginar que bem próximo dali seus amigos estão sendo torturados, Andrea é mantida ocupada como ajudante do experimento de Milton, O “cientista” quer verificar o quanto do traço da personalidade e da memória dos seres humanos se conserva após a transformação. A loira já sabia a resposta, mas resolve ajudá-lo na pesquisa. Na verdade, mesmo que essa teoria fosse comprovada, não seria de muita utilidade a informação, uma vez que os errantes provavelmente já estariam tentando te comer antes que você relembrasse com ele os saudosos velhos tempos. Quem quase virou picadinho foi Milton, salvo pela rapidez do ataque de Andrea. Acho que ela deveria ao menos ter contado sua experiência no CDC para ajudá-lo nessa busca esperançosa, porém, provavelmente inútil. E aí fica a dúvida: será que em algum momento vão encontrar uma cura ou seria mesmo esse o evento de extinção da humanidade?


No caminho de Rick e sua trupe rumo à Woodbury, eles encontram uma horda na floresta praticamente impossível de ser contida. É quando avistam uma cabana e correm para não virarem lanchinho de zumbi. Lá, um maluco os surpreende com uma arma e ameaça chamar a polícia. Ironia é dizer isso pra um policial em uma realidade em que não existe mais ordem, quem dirá polícia. Rick, acostumado a lidar com situações como essas, consegue dominá-lo, mas ele acaba fugindo mordendo sua mão. Azar dele que foi empalado por Michonne e serviu como isca para tirar o grupo dali. Curioso é que Shane conseguiu escapar na temporada passada usando justamente a mesma tática, sendo duramente condenado por isso quando a verdade veio à tona. Tudo bem que diferente de Otis, o maluco da cabana não quis colaborar e estava colocando suas vidas em risco. Mas de qualquer forma, mostra que o tempo na estrada endureceu essas pessoas e que, cada vez mais, há menos espaço para atitudes humanitárias que podem acabar fazendo você ser morto. Assim, é inevitável não pensar no que Dale diria disso, se ainda estivesse vivo. É um mundo diferente agora, em que muito mais que os mortos, você deve temer aqueles que ainda vivem.


When The Dead Come Knocking foi um episódio que empolgou, com alguns momentos emblemáticos, e que, sobretudo, concluiu a preparação do terreno para os acontecimentos do mid-season finale. O núcleo da prisão e de Woodbury finalmente se encontram, e mesmo não sabendo qual será o resultado disso, tenho certeza de que será inesquecível.



Repercussão do episódio:


Cine Alerta: A sensação de angústia que permeou durante todo o episódio dessa semana, foi um dos sentimentos mais fortes que a série conseguiu nos transmitir até agora. Os produtores se arriscaram mais uma vez e isso só trouxe bons frutos. Colocar os dois personagens mais queridos pelos fãs (Glenn dispensa comentários e Maggie ganhou um espaço ainda mais forte que na HQ) no olho do furacão e sob o julgamento psicopata do pessoal de Woodbury, me pareceu por um instante uma tentativa de chocar por chocar. Mas a sessão de tortura promovida pelo asqueroso Merle, apenas fortaleceu a ideia de que os sobreviventes de Rick são sim os heróis de um mundo que não mais existe, e o olhar destemido de Glenn foi de dar orgulho

Ligado em Série: Para uma série que tem a violência como um de seus elementos mais marcantes em função dos embates com zumbis, não deixa de ser curioso que este episódio de The Walking Dead tenha concentrado doses tão grandes de violência perpretadas por humanos contra humanos, o que, obviamente, diz muito sobre a ideia de tudo o que a produção propõe discutir através daquele apocalipse e a forma como cada um age e reage frente uma ameaça, seja ela qual for. (...) O que esperar para o mid season finale de The Walking Dead? Que ele faça jus, no nível de tensão e surpresas, ao embate que promete redefinir conflitos e colocar em choque os dois grupos dessa fase da trama.

Walkingdeadbr: Tensão.
Acho que esta palavra pode definir claramente o que qualquer pessoa que acompanha The Walking Dead sentiu ao assistir When the Dead Come Knocking, o sétimo e penúltimo episódio de 2012 desta ótima temporada. Nossos nervos são testados durante todo o episódio com cenas de perseguição zumbi, de experiências estranhas e por fim, as torturas. Tenho certeza que quem rói unha hoje deve estar com dor nas pontas dos dedos e pelo menos uma na carne viva! Eu estou!
(...) Diferente do último episódio que teve um ritmo mais arrastado esse sétimo foi ágil, tenso e cheio de acontecimentos importantes e antes que eu pudesse notar já tinha chegado ao fim, mais um acerto desta superlativamente boa terceira temporada.

Caldeirão de Séries: The Walking Dead irá entrar em hiato após o próximo episódio, que será a “midseason finale”. Se vocês lembram, na temporada passada a primeira parte chegou ao fim com a grande revelação do paradeiro da Sophia, que esteve o tempo todo trancada no celeiro do Hershel. Portanto, devemos esperar um “cliffhanger” daqueles na próxima semana, para nos deixar ansiosos pelo retorno da série em fevereiro. O que será que vai acontecer? Tudo indica que a colisão entre o Time Prisão e o Time Woodbury será catastrófica! 

domingo, 25 de novembro de 2012

Cine em Casa: O Fantástico Sr. Raposo

Por Samuel de Alcântara.


Filmes de animação sempre terão público garantido. Quando um adulto vai ao cinema acompanhado dos filhos e encontra alguma animação em exibição, optará pelo gênero justamente por ser o ideal para entreter uma criança, mesmo sabendo que não encontrará ali suas cenas de ação, de drama ou de suspense preferidos. Há estúdios de animação que levam isso em conta, e por isso, tentam produzir filmes que consigam agradar e divertir não somente as crianças como também quem os acompanha no cinema. Animações com conteúdo e, muitas das vezes, mais originais ainda que filmes em live-action, arrancando um sorriso de satisfação de toda a família no final. Animações como O Fantástico Sr. Raposo.

O longa traz uma história bem elaborada, nos levando ao cotidiano de uma família de raposas tão humana quanto possível. É claro, os humanos não têm o costume de roubar galinhas da vizinhança como faz o Sr. Raposo (George Clooney) ou de morar  debaixo de uma árvore. Porém, o comportamento dos membros de sua família no dia-a-dia e o modo como se relacionam é típico de muitos lares. A cena do café da manhã é um bom exemplo. O filho rebelde, querendo ser mais notado e admirado pelos pais, a esposa tentando controlar o espírito aventureiro do marido, que lhe prometeu parar de agir como ladrão quando soube de sua gravidez. Mas o Sr. Raposo, que teve que se contentar com a rotina de colunista de jornal,  se encontra em dificuldades de continuar cumprindo tal promessa ao se mudar para perto dos três maiores fazendeiros da região, Boggis (Robin Hurlstone), Bunce (Hugo Guinness) e Bean (Michael Gambon). Ele e seu amigo Kylie (Wallace Wolodarsky) começam, então, a roubar as aves e a produção de seus novos vizinhos. Quando tudo é descoberto, é declarada uma guerra contra as raposas e o Sr. Raposo, juntamente de sua família e amigos, se vê obrigado a fugir cada vez mais para baixo, ou seja, cavando túneis de escape no subsolo.

O que impressiona mesmo na história é que, em meio a toda essa confusão, os animais se comportam de uma maneira bastante peculiar, cada um expressando cada vez mais sua própria personalidade ao invés de se unirem como bons animais selvagens e tentarem garantir seu espaço, o que acontece só no final. Ash (Jason Schwartzman), o filho do casal Raposo, encontra tempo para sentir ciúmes de seu primo Kristofferson (Eric Anderson), recém-chegado em sua família, enquanto a Sra. Raposo (Meryl Streep) tenta, como uma boa esposa, colocar razão e juízo na cabeça do marido. É tudo muito bem construído e narrado, nos envolvendo em uma história inusitada, porém, contada de uma maneira que nos é muito familiar, justamente pelo fato de imitar com precisão nossas relações como seres humanos vivendo debaixo de um mesmo teto.

É sim uma animação bem diferente das demais, não uma forma de escape como uma janela que nos leva para uma nova aventura, mas um espelho, um retrato de nossos costumes e da maneira que agimos, algo que irá entreter também os adultos e surpreendê-los ao encontrarem ali certa semelhança com suas vidas.





O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox). 87 min. Animação – 2009 (Estados Unidos)
Dirigido por Wes Anderson. Escrito por Wes Anderson, Roald Dahl, e Noah Baumbach. Com vozes de George Clooney, Meryl Streep, Bill Murray, Michael Gambon, Jason Schwartzman, Wallace Wolodarsky, Eric Chase Anderson, Willem Dafoe e Owen Wilson.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Review: A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2


É impressionante a popularidade da Saga Crepúsculo no Brasil. Seus filmes já quebraram vários recordes de estreia por aqui, é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais no momento, e lotam as salas de exibição. Tive que comprar ingresso antecipado para assistir sua conclusão em plena quarta-feira, e encarar uma sala completamente cheia, mesmo sendo exibido em duas ao mesmo tempo. Isso é um mérito da saga, pois atraiu para o cinema muitos que não tinham o hábito de frequentá-lo, e independente de sua qualidade, se tornou mesmo um fenômeno.
 
Quanto ao filme, bem, esse é o problema. Os últimos filmes de sagas cinematográficas tendem a ser os mais empolgantes e os melhores. Ao assistir seu trailer, percebi que haveria mais ação e, talvez, menos enrolação que os outros. Dei um voto de confiança e decidi conferir nos cinemas. Não esperava muito, mas acreditei que iria oferecer algo único que não havia nos outros filmes. Algo que fizesse até mesmo quem não é fanático pela história se empolgar, e aquela era a última chance que a saga tinha para se provar realmente interessante.
Durante metade do filme, acompanhamos toda a adaptação de Bella (Kristen Stewart) à sua vida vampiresca. Ela deve aprender a lidar com seus novos poderes, a caçar animais e a resistir ao sangue humano. Bella e Edward (Robert Pattinson) não cansam de repetir seus votos de amor eterno, algo que eu não esperava mesmo que fosse descartado nem mesmo no último filme, afinal, foi assim que a saga conquistou o coração de tantos fãs que acreditam nesse amor verdadeiro e imortal. A filha do casal, Renesmee (Mackenzie Foy), cresce a uma velocidade anormal, e Jacob (Taylor Lautner) acaba tento um imprinting por ela (espécie de amor à primeira vista, coisa de lobos). Quando a vampira Irina (Maggie Grace), parente da família Cullen, vê Renesmee desenvolvendo seus poderes, ela denuncia ao clã dos Volturi, liderado por Aro (Michael Sheen). Eles acreditam que a garota pode ser uma criança imortal, que não consegue controlar a sua sede, e causar grandes problemas à existência secreta dos vampiros. O clã decide eliminar a menina, e os Cullen prevendo uma possível batalha através das visões de Alice (Ashley Greene), tentam reunir um pequeno exército de vampiros para ajudá-los. Somos apresentados então a vampiros vindos de várias partes do mundo. Egípcios, irlandeses, brasileiros, todos construídos na base de estereótipos, é claro, e cada um com seu poder especial, uma espécie de X-Men com olhos vermelhos e dentes afiados. Até a sequência da esperada batalha, há enrolação e mais enrolação. Sim, alguns momentos são divertidos, uma cena ou outra traz certa seriedade, mas nada que nos mantenha completamente presos à trama e ligados aos personagens principais e seus dramas. 
A atuação de Kristen e Robert é relativamente superior a dos outros filmes da saga. Na verdade, creio que o problema não seja mesmo os atores e sim, seus personagens. Quando é falado que Bella nasceu para ser vampira, podemos acreditar de fato, pois após ser transformada ela deixa de ser aquela garota humana melancólica e sem graça para se tornar uma mulher com mais vida do que nunca. Até aí, deu também para notar o nível técnico em que se encerra a saga. À exceção dos lobos, que eu creio serem bem convincentes desde sua aparição em Lua Nova, nenhum efeito conseguiu me convencer o suficiente até então. Alguns realmente são ridículos. Os ambientes inseridos via chroma key nas cenas em que Bella corre pela floresta para caçar são vexatórios. Na verdade, não havia necessidade de colocar vampiros se movendo na velocidade da luz o tempo todo para percorrer dois metros, mesmo que ficasse bem feito. Os poderes dos vampiros “X-Men” também ficaram mal trabalhados visualmente. A maquiagem excessiva nos atores chegou até a deformá-los em alguns momentos, ou seriam muitos efeitos focados em um só rosto (bebê Renesmee, se bem que ficou até bonitinha)? É difícil acreditar como em pleno ano de 2012 ainda não conseguiram atingir o nível de realismo em certas cenas que se espera de um filme de tal porte. Quando assisti ao trailer, achei que finalmente essa questão não seria mais um problema, pelo menos não nesse último filme. Bem, me enganei, até chegar o momento da batalha e o negócio melhorar bastante.
Confesso que fiquei surpreso com a maneira como a batalha realmente se iniciou. As exclamações ouvidas no cinema só provaram que era algo que muitos não esperavam, mas que funcionou perfeitamente para aumentar a carga dramática e a tensão que seriam colocados para fora nas cenas seguintes. Deu para acreditar que os Cullen, agora, realmente tinham um motivo concreto para lutar. E sim, ficou bem empolgante. Lobos, com garras e dentes afiados atacando com toda a ferocidade ou até mesmo uivando e guinchando de dor, se juntam a vampiros numa mistura que finalmente ficou comprovada que podia funcionar. Cada um utilizando seu poder específico para derrotar o oponente, e Bella, usando seu escudo para proteger seus aliados, mostrou a que veio. Se bem que o “poder” que mais utilizavam mesmo era o braçal, pois cabeças eram arrancadas com as mãos e literalmente rolavam por toda a parte. Talvez tenha sido o único problema da cena, pois pescoços se partiam com facilidade demais e sangue de menos. Na verdade, nada de sangue, não sei o que os vampiros têm por dentro então, já que essa é sua refeição favorita. Mas, tecnicamente, foi uma sequência que deu certo e era o que faltava numa história tão parada e que não se movia para lugar nenhum.
 E chega o momento em que Edward e Bella juntos, em uma cena até bonita de se ver por conta da união do casal contra o perigo e o adversário potente, dão-se conta do que seria o desfecho da batalha, que resultou em grandes perdas para os dois lados. Isso é algo que faria o filme valer a pena no final, por ter passado o tempo todo tentando nos fazer acreditar que os personagens principais realmente estavam em perigo, que uma guerra poderia mesmo acontecer e causar danos a todos. Sanaria muitos dos defeitos do longa até o seu clímax. E eu sairia do cinema satisfeito por ver um filme de conclusão decente. Mas quando finalmente conseguiram contar uma história de fato, me empolgar e me entreter, cometem a pior bobagem que eu não poderia sequer imaginar como desfecho nem mesmo para uma saga como essa. Claro, não posso falar o que é, mas é o suficiente para desapontar e decepcionar qualquer um, até mesmo muito dos fãs (sim, ouvi alguns deles reclamando e dizendo não acreditar naquilo, ou que ficou sem graça). Sem graça é pouco. Uma sequência bem feita, que chocou e fez as lágrimas de alguns caírem, engana a todos e termina de uma maneira que não move a história para lugar nenhum. Já tinha o suficiente para ser uma história bacana e interessante, até mesmo passar uma certa mensagem (afinal todos se sacrificaram pela sobrevivência de uma menina indefesa e da conservação de uma família), mas a covardia de um personagem (e da autora do livro, da roteirista do filme e de seu diretor) não permitiu que a história seguisse em frente e tivesse esse final dramático, mas eficaz. Simplesmente, acaba com o que o longa oferecia de mais interessante.
Ficamos duas horas sentados para absolutamente nada acontecer no fim, a não ser Bella e Edward Cullen trocando seus “eu te amo” mais uma vez, como se ninguém já não soubesse o quanto um não consegue viver sem o outro. Já são casados, têm uma filha, e ainda conseguem arrancar suspiros de algumas pessoas ao declararem pela milésima vez seu amor recíproco. A última cena, apesar de já ser capaz de arrancar lágrimas de nostalgia dos fãs e ter uma bela canção que encaixa muito bem com o que vemos, destrói toda a caracterização de Bella como uma mulher valente, protetora, e até mais independente depois de se tornar vampira, e retoma sua imagem de menina indefesa, desprotegida, depressiva, que não consegue mais ser feliz longe de seu amor verdadeiro, e que abre mão de tudo, até mesmo de sua própria existência em nome dele. A mensagem que toda a saga me passou com essa conclusão que eu já deveria ter esperado e imaginado é de que o amor nos absorve ao invés de acrescentar, de que é válido fazer absolutamente tudo em nome dele (até mesmo se arriscar e considerar o suicídio como uma porta de escape, como o casal fez em Lua Nova) e que a razão de sermos, de existirmos e de respirarmos é aquele ou aquela que amamos. O amor vale a pena sim, é bonito, mas não é esse conto de fadas que tentaram nos passar durante cincos filmes cansativos, não existe tal ilusão de que basta termos um ao outro e pronto, não há mais problemas para se preocupar e seremos felizes para sempre. Gosto muito de certas histórias de fantasia, que mesmo sendo mais irreais do que vampiros e lobos, conseguem atingir um realismo bem maior em relação aos nossos sentimentos e relações, até mesmo nos ensinar algo concreto e verídico, mais do que essa “saga” se propôs a fazer. Não queira tirar lições e ensinamentos dela, porque sonhar com tal satisfação e realização emocional é viver um pouco fora da realidade. No fim, vi que toda essa visão surreal e utópica do amor, que esteve presente desde o primeiro filme, seria mantida até seu último segundo, pois é a sua linha mais forte de mensagem e é o que fisgou os corações de tantos ingênuos. Porém, acreditar em uma fantasia maior do que essa seria impossível.
Apesar do final desastroso (principalmente para os não seguidores da saga), mas idêntico a seus antecessores, o longa mostra um avanço e consegue ser o melhor entre os cinco filmes, o que ainda não é grande coisa. Foge daqueles conflitos tolos que o triângulo amoroso encenava, consegue oferecer uma certa dose de humor e deixar os fãs mais do que empolgados em algumas cenas, pelo menos até certo ponto. Quem aguentou até o quarto filme, vai digerir esse com mais facilidade se conseguir engolir bem a falta de ousadia que acabou o estragando.





Por Samuel de Alcântara

A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2).
117 min. Romance – 2012 (Estados Unidos)
Dirigido por Bill Condon. Com: Kristen Stewart, Edward Pattinson, Taylor Lautner, Peter Facinelli, Ashley Greene, Elizabeth Reaser, Billy Burke, Nikki Reed, Kellan Lutz, Jackson Rathbone, Mackenzie Foy, Maggie Grace, Lee Pace, Mia Maestro, Christian Camargo, Rami Malek, Dakota Fanning e Michael Sheen.

Review: Se Beber, Não Case! Parte II






Se Beber, Não Case! Parte II (The Hangover Part II).  102 min. Comédia – 2011 (Estados Unidos)
Dirigido por Todd Phillips. Escrito por Craig Mazin, Scot Armstrong, Todd Phillips, Jon Lucas e Scott Moore. Com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong e Jamie Chung.

Há vários tipos de filmes de comédia. Alguns realmente têm a sua graça, conseguem nos fazer rir com suas situações inusitadas, porém verossímeis. Outras se utilizam do exagero para provocar risadas e, dependendo do público, conseguem atingir tal objetivo mesmo que provoquem caretas em alguns. E a maioria, na minha opinião, já estão mais que desgastados, repleto de piadinhas saturadas e copiadas de outros filmes, chegando até a cansar o público. Poucas são originais e de bom gosto. Se Beber, Não Case! Parte II, para muitos, faz parte dessa maioria, mas encontrei a graça no longa, e sim, apesar de ter até uma certa desconfiança de filmes do gênero consegui rir consideravelmente.

A trama traz de volta a matilha de lobos formada pelos amigos Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Alan (Zach Galifianakis) e Doug (Justin Bartha), às vésperas do casamento de Stu com Lauren (Jamie Chung) na Tailândia. Em uma simples comemoração em uma praia, os quatro amigos juntamente ao irmão de Lauren, o queridinho da família da noiva, se envolvem em uma imensa confusão que só começará a ser desvendada quando acordam no dia seguinte.

O longa, apesar de repetir toda a estrutura de seu antecessor, o faz de uma maneira diferente, integrando novas piadas que realmente funcionam. O modo como o pai de Lauren desdenha Stu, considerando-o um homem sem graça e sem “sabor”, o velho monge tailandês em seu voto de silêncio em meio a toda confusão feita pelo grupo. O pobre macaquinho, que faz a ligação entre traficantes e usuários de drogas em troca de bananas, é hilário, principalmente ao imitar certos costumes do comportamento humano. E Alan está de volta mais esquisito e estranho do que nunca, sendo, mais uma vez, o responsável por toda a bagunça que acontece com os amigos. É claro, o filme poderia tentar ser menos cópia do primeiro e um pouco mais original, mas creio que isso é algo que os responsáveis pela franquia já perceberam, pois sua terceira parte, que será lançada em 2013, não terá casamento nem despedida de solteiro. Talvez essa realmente seja a graça de toda a história, ver um bando de amigos acordarem com tudo em sua volta de cabeça para baixo sem ideia do que lhes aconteceu, às vésperas de uma data importante. Porém, toda essa história de casamento não precisa ser novamente repetida.

Uma boa comédia com bons momentos de humor que devem agradar a quem se divertiu com o primeiro filme e nos deixar ansiosos por uma última confusão na vida desses quatro amigos. Só esperamos que não seja tudo novamente armado pelo Alan.

Por Samuel de Alcântara