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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Review: O Artista




O Artista (The Artist). 100min. Drama - 2011 (Estados Unidos). 2012 (Brasil)
Dirigido e escrito por Michel Hazanavicius. Com Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller, Missi Pyle, Malcolm McDowell, Beth Grant, Ed Lauter.

A história se passa em Hollywood entre os anos 1927 e 1932, se focando em um ator em declínio e uma atriz em ascensão enquanto o cinema mudo sai de moda, sendo substituído pelo cinema falado.

O ano de 2011 se revelou como um ano repleto de filmes vazios e sem conteúdo. Poucos longas realmente foram marcantes e serão relembrados daqui a algumas décadas. Mas felizmente, tivemos uma grata surpresa. Talvez seja mesmo por conta da falta de ideias originais que rendessem bons filmes, ou a necessidade de nos relembrar de como as coisas eram feitas e funcionavam há muito tempo atrás, só sei que algum artista (Michel Hazanavicius) por aí resolveu nos presentear com uma obra-prima em preto e branco e sem som filmada em pleno século 21. E nós agradecemos.

O Artista conta a história de George Valentin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo no auge de sua carreira no fim da década de 20, cujo trabalho é reconhecido e admirado por todo o público. Em uma estreia de um de seus longas, ele se esbarra com Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem sonhadora que se surpreende ao ser bem tratada pelo astro, e vê sua foto junto ao ator parar nas primeiras páginas dos jornais no dia seguinte. Sentindo-se mais confiante devido aos 15 minutos de fama, ela resolve fazer um teste para participar de uma produção. Peppy conquista a todos com seu carisma, seu sorriso e seus passos de dança e se torna bem sucedida no mundo do cinema. Aos poucos, vai deixando para trás os papéis secundários até se tornar a grande estrela de vários filmes de Hollywood, contracenando inclusive com George, com quem vai desenvolvendo um certo romance. Porém, George se vê abalado quando os primeiros filmes com som começam a ganhar espaço e não é mais aceito nas novas produções por ser um rosto já conhecido do cinema mudo. Assim, Peppy se torna a cada dia mais famosa e requisitada enquanto George vê sua carreira entrar em decadência. Uma grande história de amor entre dois atores em meio às grandes mudanças pelas quais o cinema passou em uma época de muitas transformações. 

História muito interessante, com certeza, mas o principal trunfo do filme é a forma como ela é narrada. Sim, porque é um filme mudo, e é simplesmente fantástico o modo como as coisas são transmitidas ao público. Seja por expressões faciais bem executadas, pelas falas legendadas em certos momentos ou pela super competente trilha sonora, ninguém termina de assistir ao filme sem ter entendido toda a história de uma maneira bem melhor que entendemos a de muitos dos filmes em 3D que são lançados hoje em dia. A arte do longa está justamente no modo como ele é perojetado. Atuações sensacionais (um dos Oscar mais bem merecidos da cerimônia deste ano foi o de melhor ator para Jean), trilha sonora magnífica (o que já é de se esperar de um longa mudo, pois ela é a única fonte de som que nos conecta ao filme), história bem executada  e ainda por cima o charme de um cachorrinho cativante. Foi assim que essa grande obra-prima do cinema foi feita. É impressionante como somos levados de forma tão convincente à Hollywood das décadas de 20 e 30. Por ironia, apesar de ser um filme francês, foi o único indicado ao Oscar de Melhor Filme de 2011 a ser totalmente filmado em Los Angeles.  E o passo de dança no final do longa fecha tudo com grande maestria e brilho, nos lembrando de como a arte pode ser reinventada e expressa de diversas maneiras.

Brilhante, imperdível, realmente merecedor da estatueta mais cobiçada. Linda homenagem à Sétima Arte. Ao final de tudo, não sabemos se o artista é o filme, o personagem George Valentin, o ator que o interpreta ou se é o diretor que deu vida a essa magnífica obra do cinema atual.







Por Samuel de Alcântara.

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